De 12 a 16 de setembro, a Associação Floresta Protegida (AFP)
realizará a II Feira Mebengokré de Sementes Tradicionais, na T.I. Kayapó, aldeia
Moikarakô, no município de São Félix do Xingu (PA). A primeira edição aconteceu
em 2012. O evento reunirá indígenas de todas as aldeias do território Kayapó,
membros da etnia Krahô – que foi precursora na realização das feiras de trocas
de sementes – e também não-indígenas convidados ligados às temáticas abordadas.
Nesta segunda edição, o foco principal será no povo Mebengokré, nas trocas de
sementes e saberes entre as aldeias da etnia, a fim de fortalecer o movimento
interno de conservação e produção sustentável. Apenas convidados poderão
participar.
Entre os objetivos da Feira estão: fomentar a circulação e
recuperação de sementes tradicionais; fortalecer a autonomia indígena por meio
da valorização de seus sistemas produtivos tradicionais; divulgar políticas
públicas e programas de incentivo à produção agrícola e gestão territorial e
ambiental; valorizar a diversidade cultural e étnica integrada à diversidade
agrícola e biológica; trocar experiências sobre técnicas e saberes ligados à
produção de alimentos; valorizar a agroecologia, a alimentação tradicional e as
boas práticas de manejo na produção de alimentos; trocar ideias sobre as estratégias
de ação frente às oportunidades e desafios contemporâneos das populações
indígenas brasileiras.
Todos os dias, serão realizadas mesas de debates com
convidados ligados a instituições como Embrapa, ANA (Articulação Nacional de
Agroecologia), IMAFLORA e Funai, além de representantes do poder público. Serão
abordados temas como “Importância das sementes tradicionais para a sociedade e
relatos de experiências de conservação”, “Conservação de sementes tradicionais
e as ameaças da introdução de tecnologias não adequadas aos povos indígenas” e “As
iniciativas econômicas sustentáveis a partir da valorização da biodiversidade
de comunidades tradicionais”.
LOCALIZAÇÃO | ACESSO |
ESTRUTURA
A Aldeia Moikarakô está localizada na margem esquerda do
Riozinho, afluente de segunda ordem do rio Xingu. É possível chegar até ela por
vias terrestre, aérea ou fluvial, mas durante o evento serão usadas apenas as
duas primeiras. Todos os convidados estão sendo orientados a seguir até a
cidade de Tucumã (PA), onde fica a sede da Floresta Protegida. Dali, a
associação se responsabiliza pelo transporte de todos até a aldeia.
Atualmente, cerca de 420 pessoas habitam a Aldeia Moikarakô.
Para receber os convidados, as lideranças definiram a construção de duas
grandes malocas ao estilo tradicional e também usarão uma escola de alvenaria
construída anteriormente.
A alimentação durante o evento será o máximo possível
proveniente da produção Kayapó. A comunidade garantiu o fornecimento de farinha
de mandioca, banana e inhame. O evento acontecerá no auge da seca amazônica, o
que por um lado indica escassez de frutos, mas por outro traz a fartura de
peixes. O preparo dos alimentos será à moda tradicional Kayapó, como: beiju com
peixe/carne, beromrõ (puba de mandioca com castanha), peixe/carne cozidos no
leite de castanha, mopcahuc (inhame no pilão), turuti cahuc (banana verde no
pilão), djwykupu (bolo assado de mandioca), ba’ykupu (bolo assado de milho).
SOBRE A ASSOCIAÇÃO
FLORESTA PROTEGIDA
A Associação Floresta Protegida (AFP) é uma organização
indígena sem fins lucrativos que representa 21 comunidades (cerca de 3.300
indígenas) do povo Mebengokré (Kayapó), localizadas nas Terras Indígenas Kayapó,
Menkragnoti e Las Casas, no sul do estado do Pará. Essas T.I.’s ocupam um
território de cerca de 5 milhões de hectares na região conhecida como “Arco do
Desmatamento” e representam uma das últimas barreiras efetivas ao desmatamento
na Amazônia oriental. A região vem sofrendo intensa ocupação humana
nas últimas décadas, estimulada pela abertura de rodovias nas décadas de 60 e
70.
Na década de 80, o contexto
regional no qual os Kayapó estão inseridos passou por um processo de radical
transformação, com a abertura de grandes fazendas no norte do Mato Grosso e sul
do Pará, seguida da exploração de ouro a céu aberto (garimpos) e da exploração
madeireira, esta intensificada a partir da década de 90. Hoje, a presença de
grandes empreendimentos em curso na região (hidroelétricas, mineração e
abertura de estradas), a decorrente entrada de recursos de compensação e a
ampliação do acesso dos Kayapó às políticas assistencialistas do governo têm
exigido novas estratégias em vista à autonomia indígena e à valorização de suas
atividades produtivas tradicionais. Este contexto sociopolítico é compartilhado
por muitas outras etnias de diferentes regiões do país, fazendo dos
intercâmbios culturais um significativo espaço de troca de ideias rumo ao
futuro.
A AFP foi criada em 2002 com os
objetivos de fortalecer as comunidades Mebengokré/Kayapó para a proteção de
seus territórios e recursos naturais, apoiar o desenvolvimento de alternativas
sustentáveis de geração de renda e valorizar o patrimônio cultural desta etnia.
A Associação desempenha importante papel como mediadora e facilitadora da
relação dos Mebengokré com a sociedade envolvente, por meio da captação e
gestão de recursos para projetos estruturantes de divulgação e valorização da
cultura da etnia, assim como da defesa dos direitos indígenas e da busca por
melhorias na qualidade de vida das aldeias que representa.
Mais informações:
florestaprotegida.org.br
sementeskayapo.blogspot.com.br
feiradesementes@gmail.com
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